quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Para Que Conste...!




Memorial
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Apresso-me a abrir esta página há algum tempo imaginada, pelas circunstâncias da perda brusca de um amigo, de uma estatura humana rara, que deixou consternada toda a comunidade local.
Outras ocasiões e acontecimentos me fizeram pensar na oportunidade deste jornal electrónico mas, apertos na gestão do tempo e de outros recursos que não cabem no presente momento aflorar, fizeram longa a espera. Pois já as singelas festividades que decorreram no último fim de semana de Julho, depois de quase 20 anos de interrupção, o teriam merecido publicar.
Agora, não consegui deixar para depois. E não consegui, porque há instantes em que nos devemos recolher e meditar. E no resultado da meditação agir, fazer, construir, no sentido da causa comum e pública, que a bem da Nação, não deve depender esta causa e este dever, apenas dos organismos, embora essenciais, que tutelam e gerem as iniciativas de comunicação e regulação da Sociedade Local. Essas são responsabilidades de todos os cidadãos, alinhados partidariamente ou não, identificados com um pensamento de Sociedade Livre, ávida de establidade e de progresso.
Abro pois, esta janela de horizontes, a partir do acontecimento da perda do nosso amigo Geraldo. Incompreensível e doloroso, brusco, inesperado, o instante que determinou a sua partida, e nos deixou a todos como que, um pouco mais desprotegidos.
Acredito muito sincera e secretamente, que pessoas como ele nunca morrem. Assim como não nos desapareceram do olhar interno da memória, da lembrança mais viva e sã, o José Afonso, o Serrão Martins, o Marco Pernas, a Maria Alice, o Mário Afonso Geraldo, o Victoriano Raposo, a Sra. Maria Rodrigues, o Manuel José Mariano, e tantos outros que fizeram alguma vez parte dos nosso destinos e que importará um destes dias homenagear num gesto colectivo e alargado.
A morte, é um fenómeno entroncado na própria vida. Não só os seres humanos não estão devidamente preparados para a ler e entender, como sobressaem e nos surpreendem dessa ausência de leitura, os maiores espectros de arrogância e egoísmo de que se revestem as nossas sociedades globais. Se não lhes faltasse esse entendimento da vida a qualquer instante, certamente estas sociedades estariam mais humanizadas e corrigidas. Não são as concepções dominantes da política em geral, tendencialmente a estratificar as comunidades em guetos, que fazem em primeira linha os avanços a que tanto aspiramos. Apesar da visibilidade das infra estruturas, assentes sobre mais e mais estruturas, antes deste mais, a formação da integridade humana sempre teve e terá o papel mais determinante no correcto desenvolvimento das sociedades. Independentemente da sua escala e posição geográfica.
Geraldo, deu-nos a aula destes princípios fundamentais. Oferecendo ao seu passar e à sua chegada sempre desejados, afectos de enorme e rara qualidade. Que de tão escassos nos actuais comportamentos, quase nos parecem gestos de um outro Mundo já perdido. Ou melhor, de um Mundo que ainda estará para vir...!
Geraldo Branco, ficará atento num espaço de larga actividade espectral, a observar-nos. Para nos ajudar a alcançar esse Universo de convivência evoluída, ampla, preciosa a uma solidariedade menos ficcionada, mas sim mais real e efectiva. Humana...!
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